
Escrevo para ti, que sentes que a Terra não te pertence, que buscas força e apoio olhando as estrelas, que te movimentas, escolhes e tomas decisões através dos movimentos planetários. Escrevo para ti, que sentes saudade de um sítio longínquo, o qual, provavelmente não tens memória, mas o sentes vivo, presente, no teu coração, no aqui e agora. Escrevo para ti, que choras de saudade, de te sentires num estado que aqui, não consegues atingir, que choras de saudade de sentires aquele amor, que aqui, não é igual, que choras de saudade, e queres regressar. Escrevo para ti, que sentes que não te enquadras na família que é a tua, que são os teus laços de sangue, mas a união e a fraternidade de coração, está longe de ser o lar. Escrevo para ti, que te sentes todos os dias deslocado, que todos os dias procuras por algo maior, mais reconfortante, onde podes fechar os olhos e baixar as armas, porque estás no colo das Estrelas, e não no terreno terrestre onde precisas estar de vigília com todos os teus sentidos, e o teu coração não pode nunca descansar na paz verdadeira e na serenidade profunda do amor. Escrevo para ti, que sentes tudo isto como eu, que não partilho porque a maioria dos que me rodeiam me chamarão de maluca, e eu não quero sentir mais a descrença, a indiferença dos olhos de quem não compreende, o desdém de quem não sente a sua conexão com a divindade e acha que somos doentes. Escrevo para ti, que tens saudades de ser consciência, de te desapegares da matéria, porque sentes que ela é pesada. Escrevo para ti, que não descrês do mundo, mas sabes que há outros mundos que são mais acolhedores pela sua alta frequência, são mais amor – Escrevo para ti, que sentes tudo isto, e tens medo de o demonstrar, de o expressar, como eu tenho a maioria dos dias. Mas hoje não. Cada vez sinto mais que, apesar de aqui ser um tanto solitária, minha alma não está sozinha. Ninguém está. Tu também não estás. Escrevo para ti, que acreditas nas minhas palavras, mas principalmente para aqueles que ao fechar os olhos sentem tudo isto como uma verdade. Escrevo para ti, que acreditas no aqui e agora, mas que acreditas mais ainda no infinito.