Rótulos

Sobre os rótulos, que podemos adjectivar de mil e uma maneiras, mediante a evolução do intelecto e moral de cada um… 

Eu prefiro falar do que a mim me assiste, e dos rótulos que a mim me assistem também (e em particular). Posso desdenhar um pouco, sobre a minha própria opinião, e posso desdenhar um pouco sobre o que os outros acham das minhas “formas” de ser e estar. 

Acho estúpido, ou no mínimo ridículo, as pessoas que – e nestas circunstâncias vou adjectivar assim – se denotam a cultivar “o culto ao corpo”, ou as pessoas que se presam atractivas a cultivar a essência do ego, ou ainda as que se prezam a cultivar a essência de todos esses estados da personalidade, como as exibições do status, a exibição de posturas lideres e egoístas, o uso excessivo da lógica/razão, padrões comportamentais impingidos muitas vezes pelas lógicas atractivas, politicamente correctas, e semi-destrutivas “da maioria” – portanto, acho insensato, como essas pessoas desenvolvem a ideia de que, as pessoas que procuram precisamente o contrário (deste cenário abusivo do ser humano) –  não podem ser seres normais, com uma vida normal. 

Desmistificando essa ideia, eu de minha parte, declaro-me a dizer que, e apesar de ter uma sede de procura pelo auto (re)conhecimento, pela minha auto-evolução, pela própria desmistificação da minha própria moral, sou uma pessoa com gostos normais, que aprecio o que é “normal”, e considero-me até, bastante adaptável a naturezas diferentes das minhas.

Digo portanto que, se necessito de ter os meus momentos de introspecção ?! Sim necessito. Necessito de, “de pulos a pulos”, desligar do mundo, abstrair-me da atmosfera, e ficar apenas comigo mesma. Admito também que olho para tudo, e para todos com uma perspectiva mais aprofundada, isto apenas porque, sou efectivamente uma pessoa mais dada à introspecção, e mais ligada á natureza profunda das coisas, das circunstâncias, e por consequência das pessoas. 

Não quer dizer com isto que, eu não sou uma pessoa que não gosta de conviver, por exemplo. Errado, amo conviver com as pessoas, amo conversar, rir. sair, divertir, extravasar.; Não quer dizer que apenas me restrinjo a locais naturais, o que não é de todo verdadeiro, porque me movimento em qualquer sitio, e sigo para onde o rumo da vida me levar. 

Ademais, o facto de viver um busca por um equilíbrio interno, e conectado com a essência mais profunda da vida, não quer dizer que não seja uma pessoa, solta e extrovertida, que não gosta de brincar,  que não goste de vários tipos de música, que não veja televisão, que não tenha hábitos normais, que não fale de coisas normais, que não seja trenga e distraída, que não diga parvoíces e asneiras, e que não tenha o mínimo dos defeitos ! 

O que me deixa ás vezes um pouco (ainda) perplexa, é a rigidez mental, com que somos avaliados, por sermos pessoas directamente ligadas á Essência Divina da vida. 

Se essas pessoas que vivem do culto social, soubessem o quão mais rígidas são elas mesmas, sobre as formas pensamentos, parariam efectivamente para reflectir sobre os próprios pensamentos. 

Acho um tanto incrível como essas pessoas nos acham pessoas “fechadas”, talvez até um pouco “fora deste mundo”, difíceis de se chegar, “intelectuais”, que não se dão com pessoas normais, difíceis de conviver, demasiado emotivas, sonhadoras demais e por isso nada realistas, etc etc etc…

Ah ! O quanto enganados estão ! 

Somos pessoas absolutamente abertas, que respeitamos primeiramente os rótulos que nos são aplicados. Somos pessoas com uma mente expansiva, com a noção de que nós próprios continuamos em expansão, e que os outros também. Somos pessoas que aceitamos os pontos de vista diferentes, e em muitas circunstancias tentamos adaptar a nossa natureza o mais possível, á natureza dos outros e das próprias circunstâncias, para sermos o motor do movimento, carregando muitas vezes o nosso peso, e o peso dos outros nas nossas costas. 

Somos pessoas naturalmente entusiastas, que de pequenos gestos, e sentidos autênticos, enchemos o corpo e a alma, e muitas vezes nos esbarramos nas tentativas de entusiasmar (a vida) dos demais. 

Somos naturalmente curiosos, porque a nossa vontade de conhecer é maior que o medo da mobilidade. 

Ligamos sim, aos sentimentos (vivemos deles), transportando uma grande importância, sobre o que sentimos e como agimos com o que sentimos; Talvez, vejamos tudo ao nosso redor com esse mesmo sentimento que vive em nós, efusivo, essas próprias emoções que dão um toque especial a tudo o que os nosso olhos vêm, a tudo o que nossas mãos tocam,  a tudo o que a nossa alma vive. 

Temos uma versatilidade estampada no ADN, porque o nosso senso de interesse se destaca por tudo aquilo que nos faz “SENTIR”. Vamos a ver … não gostamos de A, só porque está na moda, não gostamos de B, porque todos os nossos amigos gostam, não gostamos de C porque penas nos disseram que devíamos gostar.  

A diferença talvez seja que não seguimos expectativas alheias, não nos afundamos no ritmo dos outros, não vivemos em função de outras verdades e realidades, e apenas seguimos o fluxo do nosso próprio destino.  

Vivemos aquilo que nos trás emoção, gostamos daquilo que nos desperta os sentidos, entregamos-nos àquilo que nos expande a alma.

Mas não é por isso que deixamos de ser “pessoas” normais, não é por isso que não tropeçamos, e não é por isso que não erramos. 

Temos efectivamente uma natureza mais sensível, temos efectivamente uma “benevolência de acreditar maior”, temos efectivamente uma compaixão natural pela emoção da vida. 

Não somos seres perfeitos, apenas somos seres mais conectados com o SENTIR – Que é a fundamento da vida ! 

No entanto, e ainda dentro destas naturezas, eu, nos caminhos da minha vida, já me deparei com seres “demasiado altos”, o que me leva a crer, de facto que tudo levado ao exagero, mesmo em mentes expansivas, faz gerar uma rigidez mental, novamente. 

De um perspectiva espiritual, não devemos esquecer que estamos cá para viver uma experiência humana, e que essa experiência humana requer que nós próprios não nos desliguemos do mundo, de forma a só nos prestarmos a pessoas com a mesma natureza que a nossa, e a nos restringirmos a formas-pensamento e padrões comportamentais, que respeitam essa mesma natureza. 

A meu ver, de um ponto de vista peculiar, há pessoas que vivem o “céu na terra”, esquecendo-se que podemos viver “o céu na terra”, em equilibro com “a alma no céu”, e “o corpo na terra”. 

Acho de um certo modo, fanatismo, ou até mesmo egoísmo, de nossa parte nos restringirmos á espiritualidade afincada, relacionarmos-nos com pessoas apenas desse meio, e frequentar espaços e “coisas” apenas desse meio… Sabe-se lá quantas pessoas não estamos a perder de ensinar alguma coisa, só porque nos inserimos no registo espiritual e não passamos pelos trilhos habituais ? 

Não será egoísmo e fanatismo, vivermos essa própria verdade, restringindo o nosso ser ás vivências habituais ? O quanto egoístas estamos a ser para nós mesmos ?! E para os outros ?! O quanto estamos a desviar-nos de aprender e ensinar, achando que só essa é a única verdade, e que é a mais correcta, e que é a que o nosso ser MAIS precisa ?! 

Eu, da minha sincera opinião pessoal, acho que ninguém é dono da verdade, nem da própria verdade. Podemos saber intrinsecamente, o que a nossa alma mais aclama, mas de facto, só a essência da vida, sabe mais que nós ! 

Seja qual for a verdade de cada um, não podemos desvalorizar as várias verdades que existem à nossa volta. Porque a verdade está ajustada a cada ser. A questão é não nos colocarmos nas prisões mentais, que nos limitam de viver realidades paralelas, porque acredito que quanta mais experiência, mais conhecimento. 

Por fim, nestas duas dualidades, do apreço por excesso de auto-procura, e pelo desprezo do auto-conhecimento, sinto ás vezes um desequilíbrio de opiniões, um desequilíbrio da verdade, que se desenvolve pela rigidez mental de pensamentos. 

É engraçado como no entanto há tanta força a defender cada convicção. Se defendêssemos o “equilíbrio” com tanta convicção, se pensássemos na dualidade equilibrada, com tanta convicção, como se defende os excessos e os desprezos, este mundo com certeza seria muito mais harmonioso.

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